Do outro lado da Baía, Henrique encarava a tempestade pela janela como se pudesse intimidá-la a passar.
O plano tinha sido impecável. O dia, não. Ele estava se remoendo.
Com o jetski parado na marina, o sol engolido por nuvens negras e o vento parecendo zombar dele, restava apenas a frustração.
— O universo realmente tem um senso de humor desgraçado — murmurou, irritado.
Pegou o celular, mais por costume do que esperança.
Notificação de Elize.
Foto.
Abriu. Era uma caneca fofa, com chantilly derretendo pelas bordas, e logo abaixo:
“A única coisa quente do meu dia.”
Henrique travou. Ficou um segundo inteiro só olhando pra tela.
— Mas essa mulher é uma peste... — disse, já com um sorriso torto, mais vencido do que bravo.
Jogou o celular no sofá, passou a mão no rosto tentando conter a vontade de sair no meio da chuva só pra ver ela rir de novo.
Pegou o celular de novo. Escreveu:
“Isso foi golpe baixo. Se o chocolate for tão bom quanto o que eu perdi, quero revanche.”
Paus