Capítulo 129 - Golpe baixo

Do outro lado da Baía, Henrique encarava a tempestade pela janela como se pudesse intimidá-la a passar.

O plano tinha sido impecável. O dia, não. Ele estava se remoendo.

Com o jetski parado na marina, o sol engolido por nuvens negras e o vento parecendo zombar dele, restava apenas a frustração.

— O universo realmente tem um senso de humor desgraçado — murmurou, irritado.

Pegou o celular, mais por costume do que esperança.

Notificação de Elize.

Foto.

Abriu. Era uma caneca fofa, com chantilly derretendo pelas bordas, e logo abaixo:

“A única coisa quente do meu dia.”

Henrique travou. Ficou um segundo inteiro só olhando pra tela.

— Mas essa mulher é uma peste... — disse, já com um sorriso torto, mais vencido do que bravo.

Jogou o celular no sofá, passou a mão no rosto tentando conter a vontade de sair no meio da chuva só pra ver ela rir de novo.

Pegou o celular de novo. Escreveu:

“Isso foi golpe baixo. Se o chocolate for tão bom quanto o que eu perdi, quero revanche.”

Paus
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