Elize ficou em silêncio por dois segundos. Tão poucos e tão intensos.
Olhou pra scooter como se ainda houvesse alguma esperança dela ligar do nada… mas não havia.
Ela respirou fundo, tentando convencer a si mesma de que ainda tinha alguma escolha.
A verdade?
Aceitar a carona significava caminhar direto para a boca do lobo.
Mas recusar significava repetir a matéria no próximo semestre.
E naquele momento, reprovação era mais assustadora que qualquer coisa que Henrique pudesse fazer.
— Só até a faculdade — disse, finalmente, com a dignidade pendurada por um fio.
Henrique sorriu. Não respondeu. Só destravou a porta.
Elize entrou.
Do escritório até a faculdade, o caminho não era longo.
Um trajeto de pouco mais de dez minutos, contando com a boa vontade dos semáforos.
Mas dentro daquele carro, o tempo se esticou como elástico prestes a arrebentar.
Silêncio.
Nem o rádio ligado.
Apenas o som do pneu sobre o asfalto, o barulho do motor, e a respiração contida dos