Henrique encarava o mesmo parágrafo há pelo menos dez minutos.
O texto jurídico à sua frente já não fazia sentido algum. As palavras embaralhavam, as linhas dançavam.
Na verdade, tudo que conseguia visualizar era o gosto do beijo, o calor da pele dela, a expressão de surpresa — e desejo — que Elize tinha feito antes de sair correndo da sala de arquivos.
Soltou um suspiro frustrado e pegou o celular.
“Traz pra mim o protocolo da audiência do caso Fontes. Preciso revisar antes da próxima etapa.”
Mentira.
O documento estava a menos de um metro de distância, na pilha organizada da própria mesa. Mas ela não precisava saber disso.
Alguns minutos depois, três batidinhas leves na porta.
— Pode entrar.
Elize surgiu com o documento nas mãos.
Estava com o cabelo preso de qualquer jeito, algumas mechas soltas moldando o rosto.
Os olhos encontraram os dele com uma mistura de alerta e expectativa — mas nem teve tempo de dizer nada.
Henrique já estava de pé.
Caminhou até ela com passos firmes, de