Depois que Henrique saiu, Elize terminou o almoço em silêncio, como se mastigasse junto todas as provocações do encontro.
O toque na perna ainda latejava na memória. E aquele olhar cínico, como se ele soubesse exatamente o quanto a deixava fora de si.
De volta ao escritório, encontrou tudo como havia deixado — exceto ele.
Henrique tinha saído para uma reunião externa logo depois do almoço.
A sala dele estava vazia, a porta encostada, o blazer pendurado no cabide.
Nada além do habitual. Como se a manhã inteira tivesse sido um delírio bem montado.
Elize suspirou fundo e se jogou na cadeira.
Pela primeira vez no dia, sentiu que podia respirar. Ninguém olhando. Ninguém tocando. Nenhuma tensão no ar.
Só ela, uma mesa cheia de documentos e uma mente que não parava de voltar para o elevador, a sala de arquivos, o restaurante.
Era só quarta-feira.
Ela olhou para o relógio, desanimada.
— O que mais essa semana ainda reserva?
Talvez fosse melhor nem saber.
Naquela noi