O carro deslizou pela avenida à beira-mar enquanto Henrique tamborilava os dedos no joelho. Olhava pela janela, mas não via nada.
Já tinha ido a dezenas de eventos como aquele, em salões suntuosos, com paredes de mármore e taças de cristal, onde a vaidade se confundia com formalidade.
Tudo ali era sempre igual — frio, previsível, cansativo.
Mas aquela noite não era uma noite qualquer.
Ele ajeitou o relógio no pulso, alisou a calça social e soltou o ar devagar.
Um calor subiu pelo rosto, e ele afrouxou a gravata vinho. Nem nos processos mais cabeludos ele ficava tão nervoso.
O carro estacionou. Henrique desceu devagar, com as mãos nos bolsos, tentando parecer natural. Mas por dentro, era só expectativa.
Caminhou até a entrada do palacete iluminado, parando a uma distância estratégica da calçada.
Queria vê-la chegar.
Queria vê-la sair do carro.
Queria lembrar disso para o resto da vida.
O carro preto em que Elize estava seguia em silêncio, e ela não conseguia p