Elize fechou a porta da sala de Henrique com o coração disparado.

A conversa com ele ainda ecoava em sua cabeça como as ondas batendo nas pedras da Baía. Caminhou pelo corredor com passos firmes, mas sentia as pernas moles. Precisava de ar. Precisava de silêncio. Precisava de tudo — menos dele ali.

Seguiu até a sala de arquivos. O espaço minúsculo era sempre gelado e abafado ao mesmo tempo, com cheiro de papel velho e café frio. Perfeito para desaparecer por uns minutos.

Vindo pelo corredor no sentido oposto, Arthur observou a cena em silêncio. Ela saiu da sala de Henrique parecendo ter lutado contra um furacão. Os olhos baixos, o maxilar travado. Anotou isso mentalmente enquanto batia levemente na porta da sala de Rodrigo com uma pasta em mãos.

— Entregas do dia, mestre da balança — disse, entrando com aquele sorriso debochado de sempre.

Rodrigo, já de pé, procurava algo entre as gavetas da mesa.

— Onde foi parar aquele carimbo maldito? — resmungou.

Ao puxar a última gaveta —