Foi em um dia de dezembro, próximo ao Natal, que Vanessa perdeu tudo. Um terrível acidente lhe tirou o marido, o bebê que ela esperava e sua vontade de viver. Um ano depois, ela ainda não havia se recuperado quando um brilho de esperança surge em seu caminho, trazido por uma criança e pelo homem que, um ano antes, salvou a sua vida. Seria ela capaz de reaprender a viver... e a amar?
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Prólogo
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"Eu vou encontrar o meu caminho de volta para casa
E iluminar cada árvore
Vamos pendurar nossas meias
uma para você e uma para mim
Pois Papai Noel ligou para ter certeza de que estou preparada
Ele disse "Faça suas malas
e diga a ele que você vai se atrasar"
(Música: I'll Be Home – Intérprete: Meghan Trainor)
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Eu jamais entenderia por que, às vezes, pessoas corretas pagam pelos erros de outras.
Meu marido não gostava de beber. Às vezes, um ou dois chops, no máximo, e apenas quando estávamos entre amigos. Mas, naquela noite, nem ao menos isso ele tinha consumido.
O caminho do bar, onde acontecia a confraternização de fim de ano da empresa – para a qual ele tinha sido transferido há menos de um mês – até a nossa casa não era longo. Mas, ainda assim, ele queria estar completamente sóbrio para dirigir. Saímos de lá por volta das onze da noite, mas tivemos o nosso caminho interrompido por alguém que não tivera a mesma precaução que ele.
Por um moleque de dezoito anos que tinha tomado todas e saído para se divertir com o carro do pai.
E foi ali que a vida do homem que eu amava foi cruelmente arrancada.
Ele pagava – e muito caro – pelos erros de outra pessoa.
Já eu, fui levada para o hospital municipal da cidade. Lembro de chegar lá, completamente fora de mim, e de agarrar a mão do médico que me atendia, sussurrando um único e desesperado pedido.
— Por favor, salve o meu bebê.
Era tudo o que eu conseguia verbalizar, porque era, também, apenas o que eu conseguia pensar naquele momento.
Eu não me recordava de qualquer outra característica daquele médico. Estava tão desnorteada que não reparei nem mesmo na feição mais simples. Não sabia se era jovem ou velho, alto ou baixo, bonito ou feio... nada, absolutamente nada além de uma única coisa: os olhos de cor âmbar, ao mesmo tempo acolhedores e determinados. E foi com aqueles olhos fixos aos meus que ele apertou de volta a minha mão e sussurrou tudo o que eu menos queria ouvir:
— Eu sinto muito, senhora. Mas farei o possível para que você fique bem.
Eu não ficaria. Minha vida tinha sido salva. Mas a minha alma já tinha sido completamente destruída, justo no momento de maior felicidade.
Eu tinha dois anos de casada e acabávamos de nos mudar para uma cidade pequena, devido à transferência do meu marido. Eu trabalhava como freelancer, fazendo traduções de livros e artigos para editoras. Sendo assim, podia realizar o meu trabalho de qualquer lugar e não tive empecilhos para a mudança. Estava no sexto mês de gestação de um menino. Amada, realizada, feliz, completa...
Com a minha família.
Agora, era apenas eu... vazia, sozinha e despedaçada.
Ouvia o burburinho de vozes misturado ao barulho de aparelhos hospitalares. Não me restavam dúvidas de que aquele era o som da morte. Eu queria que ela me levasse, sentia que não tinha mais nada para fazer nesse mundo. Mas, ainda assim, meu corpo agia contra a minha vontade e, instintivamente, lutava pela sobrevivência.
Eu era a minha pior inimiga.
Pelas horas seguintes, fui cercada de cuidados. Até uma psicóloga tinha ido conversar comigo, tentando me ajudar a lidar melhor com as perdas. Pouco falei, apenas balancei a cabeça, torcendo para que ela fosse embora o mais rápido possível e que me deixassem logo sair dali. Não voltei a ver o médico que me atendeu. Recebi alta quatro dias depois, na manhã de Natal.
A partir daquele dia, parei de viver e passei a meramente existir.
A família do meu marido tinha ido até a cidade cuidar de toda a questão do enterro dele e do nosso bebê. Fizeram isso enquanto eu estava no hospital, não me dando sequer a chance de dizer adeus. Em seguida, foram embora... retornando às suas vidas e telefonando vez ou outra para saberem se eu estava bem.
A cada dia, eu vivia uma luta para conseguir sair da cama, trabalhar, comer... apenas para no dia seguinte começar tudo de novo. Mal saía de casa e pouco conhecia daquela cidade para onde tinha acabado de me mudar. Meus poucos e velhos amigos ligavam de vez em quando, mas eu quase nunca os atendia. Não queria falar com ninguém.
E foi assim que, quase um ano depois, no mês de dezembro do ano seguinte, eu decidi por um fim à minha própria vida.
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Epílogo* * * * * * * * * *“Era uma vez em uma cidade como estaUma menininha que fez um desejo enormePara encher o mundo cheio de felicidadeE estar na lista mágica do Papai Noel”(Música: Shake Up Christmas – Intérprete: Train)* * * * * * * * * *Um ano depois... Eu não tinha muita experiência com montagem de árvores de Natal, mas Laurinha me garantiu que eu estava indo muito bem e eu fingi acreditar nela.Na verdade, acho que nossa sorte era que Gabriel estava conosco naquela manhã do dia 24 de dezembro, para os três montarmos juntos a nossa árvore. Aquela era
Capítulo quinze – Um dia para se recomeçar a ser feliz* * * * * * * * * * * *“Envie suas cartas para o Papai Noel, babyDiga-lhe todos os seus desejos secretosEnvie suas cartas para o Papai Noel, babyEsperando que seus sonhos mais loucos se realizem”(Música: Santa's Coming For Us – Intérprete: Sia)* * * * * * * * * * * * Eu novamente tinha a nítida impressão de viver a melhor noite de sono da minha vida. Os braços fortes ao redor do meu corpo traziam uma aura de paz e proteção, e meu corpo ainda era capaz de sentir o relaxamento provocado por todo o prazer que Gabriel me
Capítulo catorze – Como se fôssemos um só * * * * * * * * * * * *“Eu não preciso de diamantesNem de coisas brilhantes (Não, oh, oh, oh, oh)Porque você não pode comprar um sentimento......Só quero um NatalzinhoUm Natalzinho aconchegante aqui com você”(Música: Cozy Little Christmas – Intérprete: Katy Perry)* * * * * * * * * * * * Quando voltei para a sala, uma enorme caixa já tinha surgido embaixo da árvore, sendo cuidadosamente ajeitada pelo pai coruja. Logo que me viu, ele sorriu e explicou:&
Capítulo treze – Uma noite de luz* * * * * * * * * * * *"Eu mal posso esperar para dar todo o meu amorpara o meu melhor amigoTudo o que eu quero é que você pegue meu amor para sie o devolva depois"(Música: My Gift Is You – Intérprete: Gwen Stefani)* * * * * * * * * * * * A casa parecia ainda mais bonita do que eu me recordava do dia anterior.A mesa estava posta na sala, repleta de pratos natalinos, e coloquei os que eu tinha levado entre eles. Ao lado, uma grande e iluminada árvore de Natal decorava o ambiente, cercada por alguns embrulhos de presente.
Capítulo doze – Artimanhas do destino* * * * * * * * * * * *“Eu estive bem sem você, de verdadeAté o dia em que a noite esfriouTodo mundo está aqui, exceto vocêBaby, parece que todo mundo tem alguém para abraçarMas para mim é apenas uma época de solidãoPorque houve natais em que você foi meu”(Christmases When You Were Mine - Taylor Swift)* * * * * * * * * * * *Insegurança continuava a ser o meu sobrenome e, agora, eu tinha um motivo a mais para isso.Um motivo de seis anos de idade.No caminho da casa dele para a minha, perguntei quanto a fil
Capítulo onze – Um convite especial* * * * * * * * * * * *“A época de Natal está no ar novamenteSinos natalinos me lembramQuando nós caímos como a nevetão profundamente no amor”(Música: Christmas Time Is In The Air Again – Intérprete: Mariah Carey)* * * * * * * * * * * * No dia seguinte, acordei mais tarde do que o planejado. Afinal, dormi um sono pesado e gostoso, como há tempos não dormia, completamente embalado por sonhos bons. Por conta disso, levei um susto quando peguei meu celular e
Último capítulo