A noite caiu com um peso estranho. O céu estava carregado, e o vento soprava forte pelas frestas da janela. Helena sentia uma inquietação no ar como se algo estivesse prestes a acontecer. Clara dormia no quarto, e Arthur revisava os últimos detalhes do projeto social no computador.
— Essa tempestade tá diferente — disse Helena, olhando pela varanda.
Arthur se levantou, fechou as janelas e trancou a porta.
— O clima tá pesado. E não só lá fora.
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Por volta das 22h, a luz caiu. Tudo ficou escuro. Helena pegou Clara no colo, instintivamente. Arthur acendeu uma lanterna e foi até o disjuntor. Nada. A rua também estava às escuras.
— Deve ser geral — disse ele. — Mas vamos ficar atentos.
Helena sentia o coração acelerado. Não era só a falta de luz. Era a lembrança das ameaças. Dos avisos. Dos passos na varanda.
Arthur voltou para a sala, mais sério.
— Tranquei tudo. Mas se alguém quiser entrar...
Helena o interrompeu.
— A gente não vai deixar.
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Meia hora depois, um barulho seco na por