Era madrugada quando o alarme do Instituto Clara disparou. Helena acordou com o som agudo cortando o silêncio. Arthur já estava de pé, pegando o celular, tentando acessar as câmeras de segurança. Clara chorava no berço, assustada.
— É o galpão — disse ele. — Estão tentando incendiar.
Helena sentiu o sangue gelar. O galpão era onde guardavam os materiais da peça, os arquivos da denúncia, os registros de histórias que haviam acolhido. Era o coração do movimento.
Eles correram até lá, acompanhados pela polícia. As chamas já começavam a subir pelas paredes. Helena viu, com os olhos marejados, os papéis queimando, os desenhos de Arthur virando cinza, os cadernos se desfazendo em fumaça.
Mas o que ela sentiu não foi derrota. Foi fúria. Foi força.
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O incêndio foi contido. Ninguém se feriu. Mas o dano era simbólico. Era uma tentativa clara de apagar tudo. De silenciar. De destruir.
Na coletiva de imprensa, Helena falou com voz firme:
— Eles queimaram papéis. Mas não queimaram o que importa