Quando ele disse que era um lobo, eu só fiquei olhando.
Não foi choque. Não foi medo. Foi tipo: “É claro que você é.”
Porque desde o começo, Rafael nunca foi só homem. Ele tinha aquele jeito de ocupar espaço, de farejar silêncio, de dominar sem levantar a voz. Era instinto puro. Era presença que não pedia — tomava.
E eu sempre soube.
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Ele falou com calma. Como quem esperava que eu corresse, que eu gritasse, que eu recuasse.
Mas eu só respirei fundo.
— Tá. E?
Ele me olhou como se eu tivesse quebrado uma regra.
— Você não vai perguntar nada?
— Não. Porque eu já sabia. Só não tinha nome pra isso.
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A verdade é que o que ele revelou não muda o que eu senti. Só confirma.
Rafael era desejo. Era perigo. Era força. Mas nunca foi meu. E eu nunca fui dele.
Porque eu não sou feita pra ser marcada. Eu sou feita pra andar livre.
E lobo... precisa de território. Eu sou estrada.
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Escrevi no meu caderno:
“Quando ele disse que era lobo, eu entendi tudo. E também entendi que não era pra mim.”
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