POV: Julian
Dizem que o tempo cura tudo.
Mentira.
O tempo apenas afasta o sangue da superfície, empurrando a dor para lugares mais escuros, mais profundos, até que ela se torne útil.
Eu aprendi a usar a dor como moeda.
E Alexander me ensinou isso da forma mais cruel possível.
Observo a fotografia em cima da mesa. Emily, sentada à beira do lago, as pernas cruzadas, o olhar perdido no horizonte. Frágil. Sozinha.
Exatamente como eu queria que estivesse.
Viktor havia feito um bom trabalho. Discreto. Paciente. Mortal.
—Ela ainda hesita — diz ele, enquanto se encosta na parede do quarto de hotel. —Mas o peso da dúvida já a consome. Não durará muito.
—Ótimo — respondo, girando o copo de uísque em minha mão. —Não precisamos que ela nos ame. Só que desconfie dele.
—E Noah?
—Um fantoche. Útil, por ora. O papel de porto seguro é uma armadilha clássica. Mas eficaz.
Alexander sempre teve um gosto destrutivo. Não sabe cultivar, só sabe possuir. E quando alguém como ele ama