POV: Noah
Os aplausos ainda ecoavam na minha mente quando deixei o teatro naquela noite. Mas não era o som das palmas que me assombrava, e sim as palavras dela. Cada frase que Emily leu em voz alta parecia ter sido arrancada de dentro de mim. Como se, ao escrever, ela não tivesse exposto apenas a própria dor, mas a minha também. E talvez fosse isso que tornava tudo mais cruel.
Ela havia dito a verdade.
Nua, crua e irrefutável.
E agora, diante do mundo, eu não era mais apenas o amante, o amigo, o segundo ato. Eu era parte de uma história que sangrava nas páginas de um manuscrito, um nome que carregava as marcas de escolhas que eu ainda não sabia como perdoar em mim mesmo.
Voltei para casa sozinho naquela noite. Não dormi. Caminhei pela sala escura, pela varanda, pelo quarto que ainda carregava o cheiro dela. Tentei escrever, apagar, escrever de novo. Mas nada fazia sentido. E é sempre assim depois que ela fala. Depois que ela olha dentro de mim como se soubesse cada pedaço que tento es