POV: Emily
A cidade parecia mais fria naquela manhã.
Ou talvez fosse eu.
Caminhei pela calçada estreita, com o casaco fechado até o pescoço, mesmo que o frio não estivesse tão severo. Era uma armadura. Frágil, simbólica. Mas naquele momento, era o que eu tinha.
Desde que saí do apartamento de Alexander, me senti como uma peça solta num quebra-cabeça que ninguém queria terminar. A lembrança da noite passada ardia sob minha pele. As palavras de Dylan ecoavam com a força de uma bofetada.
E eu?
Eu apenas sobrevivia.
Minha mente me torturava com memórias que se atropelavam:
— As mãos de Alexander em meu corpo, possessivas, famintas.
— O olhar de Dylan quando me viu vestida com a camiseta do outro.
— As cartas. As mentiras. O sexo. A verdade.
Era demais.
Até para alguém como eu, acostumada a engolir a dor calada.
Voltei para o meu apartamento depois de caminhar por horas. As ruas estavam mais vivas do que eu. Pessoas riam, carros buzinavam, a vida pulsava. Mas dentro de mim, havia apenas ru