Ethan
Eu só queria almoçar.
Depois da noite anterior, depois do toque, do beijo — daquele beijo que eu ainda sentia — eu precisava de um tempo longe dela. Um tempo para pensar. Um tempo para tentar voltar a pensar direito.
Enrico entrou na minha sala sem bater, como sempre.
— Vamos comer? — perguntou, já pegando minha chave como se fosse ele o dono dela. — Se você ficar trancado aqui vai virar uma lenda urbana do prédio.
Eu revirei os olhos, mas concordei. Eu precisava respirar.
Saímos.
O restaurante era perto, tranquilo.
Eu só não esperava que a tranquilidade durasse tão pouco.
Assim que entramos, percebi que algo estava errado.
Muito errado.
A mesa no canto à esquerda tinha uma mulher curvada para trás, tensa.
E um homem inclinado para frente — perto demais — segurando o braço dela.
Meus músculos todos travaram.
Porque aquela mulher…
…era Hanna.
E o homem…
não era eu.
— Solta ela — ouvi minha própria voz antes de perceber que eu estava me movendo.