Ana
A tarde estava arrastada, quente e silenciosa. Eu sentei no sofá com o notebook no colo, uma xícara de café do lado e aquela sensação de “o que eu tô fazendo da minha vida?”.
Abri uns sites de emprego, digitei “vaga para quem não tem a menor ideia do que quer fazer” e, obviamente, não apareceu nada. Suspirei.
A cada clique, parecia que eu me afundava mais na confusão mental. Eu olhava os títulos: assistente administrativa, atendente, marketing digital, vendedora, freelancer, professora de inglês (essa me fez rir, porque eu mal sabia conjugar “to be” sem gaguejar ).
Fechei o notebook por uns segundos e fiquei só encarando o teto, meio irritada, meio perdida.
— Como é que eu, adulta formada na escola da vida, não sei o que quero ser? — murmurei pra mim mesma.
Abri de novo o notebook. Tentei montar uma lista no bloco de notas:
Coisas que eu gosto de fazer.
Coisas que eu sou boa.
Coisas que pagam boletos.
No item um, escrevi: “comer doce e dar opinião”. Já comecei bem.
No dois, pe