Ana
Acordei com o despertador tocando, e pela primeira vez em dias, eu não quis tacar o celular na parede.
Era o meu dia de folga. O grande dia. O dia em que eu, Ana sem rumo, ia finalmente sair pra conquistar um emprego novo.
Levantei animada, tomei banho cantando, escolhi uma roupa que dizia “sou profissional, mas divertida”, e até fiz uma maquiagem leve, o suficiente pra parecer que eu dormi oito horas (quando na real foram cinco e meia e um sonho esquisito com croissants voadores).
Enquanto passava o batom, olhei no espelho e sorri pra mim mesma.
— Você consegue, Ana. Vai lá e brilha.
Peguei minha bolsa, o currículo impresso (com fonte bonita e mentiras bem equilibradas), e saí de casa antes que Lex aparecesse.
Não que eu estivesse evitando ele — tá, talvez um pouquinho — mas eu queria fazer isso sozinha, sem ele tentando “ajudar”.
O sol tava forte, o vento batia no rosto e eu me senti meio personagem de comédia romântica, andando pela cidade com esperança no coração e café na mão