Ana
Cheguei em casa me sentindo um pano de chão torcido. Literalmente.
Joguei a bolsa no sofá da kitnet, chutei os sapatos pra longe e encarei o teto como se ele tivesse as respostas pra vida. O cheiro de perfume caro das madames ainda grudada na minha roupa, e só de lembrar da cena — eu, com uma toalhinha na mão, trancada no banheiro fingindo que limpava alguma coisa — senti vontade de rir e chorar ao mesmo tempo.
Mas aí pensei em Lex. E a primeira coisa que fiz foi pegar o celular. Estava ansiosa para falar com ele, a provocação entre nós virou uma parte bem significativa da minha rotina.
Toquei o nome dele na tela e, quando a ligação completou, ouvi a voz grave dele do outro lado:
— Ana? Tá tudo bem?
Dei um suspiro dramático. — Não. Eu não tô bem. — Fiz uma pausa só pra aumentar a expectativa. — Lex, eu não aguento mais limpar banheiro.
Silêncio.
E então uma risada curta escapou dele. — Limpar… banheiro?
— É! — falei indignada, sentando na beira da cama. — Você me colocou naquele c