Ana
Depois daquela conversa tensa sobre Mark, eu senti que precisava respirar fundo para não explodir de vez. O zoológico estava cheio de barulhos enquanto andávamos, eu reparei, várias crianças fofas comendo algodão-doce e pipoca e graças ao bom deus o cheiro dos doces e salgados perfumava o ar, mascarando um pouco o cheiro forte dos vários bichos.
Mas dentro de mim só tinha o silêncio pesado de toda a dor do passado.
Mesmo assim, eu não queria sair dali brigada com Lara. A gente já tinha perdido anos da nossa vida por causa de mágoas antigas. E, apesar do que ela disse sobre Mark ter falado com ela, não parecia que a intenção dela era me ferir. Pelo menos, eu queria acreditar nisso.
— Vamos andar mais um pouco? — ela perguntou, quase como quem pede uma trégua.
Assenti. — Vamos.
Seguimos lado a lado, passando pelos recintos dos animais. Uma girafa mastigava calmamente umas folhas, alheia ao drama humano que eu carregava no peito. Eu quase invejei aquela paz boba.
— Você vai me perdoa