As horas se arrastavam dentro daquele quarto escuro. Isabelle já não sabia se era dia ou noite. Os braços amarrados estavam dormentes, os pulsos doloridos. O gosto metálico na boca e a dor de cabeça latejante a mantinham num limbo entre lucidez e exaustão. A luz tímida da pequena abertura no alto da parede mal iluminava o espaço. Seu corpo tremia, não sabia se de frio, medo ou raiva.
Foi então que a porta se abriu novamente.
Dessa vez, não era o capanga de antes. Um homem alto, imponente, atraente e viril, vestindo roupas alinhadas, entrou. Dominico Farella. Seu rosto era bonito de um jeito perigoso — mandíbula marcada, olhos intensos e um leve sorriso de quem sabia exatamente o efeito que causava. Fechou a porta atrás de si e dispensou o segurança com um aceno.
— Sra. Isabelle Marchand... — disse ele com voz baixa e aveludada. — Enfim estamos nos conhecendo. Quando seu falecido marido ainda estava vivo, muito se falava da mulher escondida por trás da mansão. Mas nenhum de nós jamais