O dia amanheceu claro na Villa Farella, o céu de um azul profundo refletindo no mar ao longe. Os corredores, sempre solenes, tinham um movimento incomum: era o dia da chegada de Salvatori Ricci.
Aos 50 anos, ele carregava a mistura perfeita de sedução e perigo. Alto, de porte atlético, cabelos castanho-escuros salpicados de grisalho, olhos verdes cortantes, exalava o tipo de charme que não precisava de esforço para dominar uma sala. Conselheiro influente no conselho da máfia siciliana, sua palavra pesava tanto em decisões financeiras quanto nas alianças políticas.
Quando chegou, pouco antes do meio-dia, foi recebido pelo patriarca Farella e pelos homens mais próximos de Dominico. O clima era de cordialidade respeitosa.
À noite, durante o jantar de recepção, Isabelle ocupava seu lugar habitual, próxima ao piano. Vestia um vestido azul de seda que caía com elegância, os cabelos presos em um coque baixo, deixando o pescoço à mostra. A postura ereta e a serenidade no olhar eram quase tão