A noite estava pesada. Um céu nublado cobria Maputo como um manto silencioso, e o vento morno arrastava consigo as promessas de mudança. Mel caminhava pela avenida Marginal, os passos incertos, os olhos perdidos na linha onde o mar encontrava o escuro. Deixara tudo para trás — as roupas, os talheres finos, a casa com cheiro a vazio. Tinha apenas a mala e uma alma a descoberto.
Parou num banco virado para o oceano. Precisava respirar. Pensar. Sentir que a decisão tomada não era só um impulso, mas o primeiro passo para renascer.
O telemóvel vibrava há minutos com chamadas de números desconhecidos. Ignorou. Não queria ouvir mais ninguém a dizer o que devia fazer. Aquela era a sua noite. O seu momento.
Mas então, uma mensagem apareceu no ecrã.
“Tens de vir ao hospital central. Urgente. É sobre o Dário.”
Número de Luna.
O coração de Mel parou por um segundo. Um gelo percorreu-lhe a espinha. Estaria a ser manipulada outra vez? Ou era sério? Por mais que tudo tivesse terminado, Dário ainda e