O apartamento de Luna ficava no segundo andar de um prédio antigo, com varanda pequena, cheia de plantas e um varal de luzes amarelas que davam ao espaço um ar acolhedor. Era o refúgio de Mel nos dias em que tudo parecia desmoronar — e naquela noite, ela precisava desesperadamente de um porto seguro.
— Entra, estás com uma cara… — disse Luna ao abrir a porta, puxando Mel para um abraço apertado. — O que foi agora? O Dário outra vez?
Mel não respondeu de imediato. Apenas largou a mala sobre o sofá e afundou-se nas almofadas, puxando os joelhos contra o peito. Luna percebeu logo que algo estava diferente. Havia um brilho estranho nos olhos da amiga — não de alegria, mas de inquietação.
— Mel?
— Eu conheci alguém — sussurrou, quase como se estivesse a contar um segredo proibido.
Luna sentou-se ao lado dela, em silêncio por alguns segundos, tentando decifrar o que aquilo significava.
— Alguém… tipo…?
— Tipo alguém que me fez sentir viva pela primeira vez em anos.
A frase pairou no ar como