O tempo parecia não avançar dentro da cabana. Beatriz sentava-se ao lado da cama, segurando a mão de Davi com força, como se aquele toque fosse o único elo entre ele e a vida. O som da água fervendo no fogão a lenha se misturava ao murmúrio baixo de Helena, que triturava ervas em uma tigela de barro.
Fernando, ainda pálido e visivelmente esgotado, sentou-se no canto do cômodo, observando Helena com desconfiança.
— Ele vai sobreviver? — Sua voz era rouca, carregada de preocupação.
Helena não respondeu de imediato. Pegou um pano limpo, mergulhou-o no líquido escuro que preparara e o pressionou contra o ferimento de Davi. O cheiro forte de ervas tomou o ar, fazendo Beatriz sentir uma leve tontura.
— Se a febre não baixar, não há muito que eu possa fazer. — Helena finalmente respondeu, sem desviar os olhos do rapaz desacordado. — Mas se ele lutar, talvez tenha uma chance.
Beatriz engoliu em seco. Ela sabia que Davi era forte, mas até os mais resistentes tinham seus limites. O peso do medo