[NARRADO POR CAIO – O MURALHA]
O quarto tava em silêncio.
Mas não era paz.
Era o silêncio depois da explosão — quando a fumaça ainda tá no ar, o corpo ainda pulsa, e a guerra só mudou de formato.
Ela tava largada de lado, o peito subindo e descendo, a pele ainda quente, marcada. E eu?
Eu já tinha acendido o cigarro. Sentado na beira da cama, o olhar no nada e a cabeça a mil. Porque depois da foda… vem a decisão.
E a minha já tava tomada.
Peguei o celular. Ainda tinha o suor dela na minha mão. O gosto dela na minha boca. Mas agora o gosto era outro: de revanche.
Disquei.
Diguinho atendeu na segunda.
— “Ah, agora tu resolve ligar, né?” — ele disparou. — “Desligou na minha cara, porra. Tava metendo ou fugindo?”
Soltei a fumaça devagar, sem pressa, sem culpa.
— “Tava fazendo os dois.”
Do outro lado, silêncio por dois segundos. Depois, um riso curto, amargo.
— “E agora? Vai continuar escondido com tua farda de amante ou vai encarar o rojão que tu mesmo acendeu