O quarto ainda tremia.
Não de som. Mas de resquício.
Do caos que a gente tinha acabado de explodir ali.
Ela caiu pro lado, o corpo suado, os cabelos colando no rosto, a respiração descompassada como se tivesse corrido da própria lucidez.
Eu fiquei por cima um segundo a mais.
Só olhando.
Como se aquele corpo fosse a porra da minha religião.
Tirei devagar.
O pau ainda duro, quente, marcado.
Tirei a camisinha, amarrei com calma, levantei sem dizer nada e joguei no lixo como quem descarta munição usada.
Voltei pra cama, sentei na beira, o cigarro entre os dedos, e o gosto dela ainda na boca.
Ela virou de lado, me encarando.
Mas não falou.
Porque sabia.
Sabia que o peso do que a gente fez não tava só no lençol suado.
Tava no que vinha depois.
Traguei fundo.
Soltei a fumaça devagar, sem pressa.
— “A tua coronel quer minha cabeça.”
Ela fechou os olhos por um segundo.
Mas não fugiu.
— “Ela vai tentar te derrubar, Caio. Do jeito mais sujo. Com mídia, com denúncia, com san