[Narrado por Aziza]
A ligação do Julião caiu, mas o peso ficou.
Fiquei ali, no canto da sala, com o celular ainda quente na mão e o coração disparado feito tambor de macumba em noite de mandinga.
Ele tava com a voz embargada. Não de medo — Julião não é homem de tremer. Mas de quem tá encostado no limite, com os dois pés na beirada e a coronha da arma apontada pra nuca.
Desconfiança.
A palavra ficou ecoando na minha cabeça como sirene de favela.
Eles tão desconfiando dele.
Tão farejando o Muralha.
Tão caçando a Alana.
E eu?
Eu tô no meio do furacão.
...
Passei a mão no cabelo, prendi com uma presilha qualquer, e acendi um cigarro. Traguei fundo, como se a fumaça fosse dar conta da ansiedade que já tava roendo minha costela.
Julião é meu irmão.
Mas é mais que isso.
É meu chão.
Meu sangue.
Minha trincheira.
Ele sempre foi o miolo da coragem aqui de casa. Mesmo quando tudo desmoronava, era ele que me botava em pé — com bronca, com tapa, com colo.
E agora…
Agora ele tá sozinho no olho do f