capítulo 34

[Narrado por Julião]

O portão da base fechou atrás de mim, mas o peso continuou nos ombros.

Saí andando com passo firme, mas o coração batia fora de compasso. Cada soldado que cruzava meu caminho, cada olhar atravessado, cada silêncio forçado… tudo parecia código.

Tão me vigiando.

A Coronel sabe que tem peça fora do tabuleiro dela, e ela tá farejando. De longe, de perto, debaixo da unha.

Entrei na viela lateral, onde deixo a moto escondida, e disfarcei enquanto ajustava o capacete.

O capacete protege o rosto.

Mas o que protege o que eu penso?

Nada.

...

Cheguei em casa com o estômago preso, como se tivesse engolido chumbo.

Tirei a farda na entrada — não por respeito, mas por segurança. Aquilo ali carrega mais microfone e sensor do que colete da PM. Deixei em cima da máquina de lavar, junto com o rádio desligado.

Fui direto pro quarto. Luz baixa, cortina fechada, celular velho dentro da gaveta de ferro.

Peguei o outro.

Aquele que só tem um número salvo.

Toquei.

Uma, duas... na terceira,
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