capítulo 28

NARRADO POR AZIZA

(a piriguete que só se deita com um — mas faz o morro inteiro ajoelhar)

Pode me chamar do que quiser.

Piriguete. Marrenta. Boca suja.

O problema é que ninguém consegue sustentar meu nome na boca sem morder a língua.

Eu sou a Aziza.

Irmã do Julião. Prima do Muralha.

Mulher do Diguinho.

Mas minha história não se resume a sobrenome de homem.

Eu fiz meu nome no asfalto quente, na laje molhada de sangue e na porta das bocas onde nego me chamava de “a louca do morro”.

Mas sabe o que ninguém fala?

É que eu nunca precisei de homem nenhum pra ser temida.

Ando de chinelo ou salto, mas quem pisa em mim… escorrega no próprio erro.

Falo na cara.

Dou risada na tragédia.

E se alguém ousa levantar a voz comigo, eu levanto a Glock — e a moral.

Sou piriguete sim.

Porque gosto de chamar atenção.

Mas só um me toca.

Só um me tira o fôlego e me faz baixar o tom.

Diguinho.

Aquele desgraçado que fede a pólvora, mas tem o cheiro da minha paz.

Braço direito do Muralha, executor da favela.

Mas
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