capítulo 26

NARRADO POR ALANA

(a mulher que aprendeu a disfarçar ferida com pose de deboche)

A água gelada caiu como tapa.

Daqueles que não vem da mão, mas da vida.

Do tipo que te lembra onde dói mais: por dentro.

Esfreguei o rosto com força. Como se desse pra arrancar o olhar dele da minha pele.

Como se desse pra lavar o gosto de saudade da boca.

Mas não dava.

Se fosse fácil, eu já tinha esquecido Caio 'Muralha' desde os quinze anos.

Fechei o registro, o corpo arrepiado pela água e por ele.

Peguei a toalha fina que mais parecia pano de chão e me enrolei, respirando fundo.

Na frente do espelho trincado, vi mais que meu reflexo.

Vi a mulher que tava tentando resistir, mas já tinha metade do orgulho enterrado naquele galpão.

— “Que merda...” — murmurei, o cabelo pingando, os olhos vermelhos de raiva mal digerida.

Abri a mala de novo.

E lá estava ela.

A roupa.

Presente da porra da Aziza.

Peguei o vestido com dois dedos, como quem segura dinamite:

Curto.

Colado.

Preto com detalh
Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App