Lívia retornou da viagem numa sexta-feira, quase sete da noite. O carro da empresa a deixou na porta da sede, onde ela apenas pegaria sua mochila e o relatório final antes de ir para casa. Depois de três dias intensos longe de tudo, seu corpo pedia banho quente e silêncio.
Mas o coração pedia outra coisa.
Pedia ele.
Rafael havia mandado apenas uma mensagem ao longo do dia:
“Depois conversamos. Cheguei agora do hospital.”
O hospital.
Clarice.
Aquilo já dizia tudo sem dizer nada.
Lívia passou pelos corredores vazios da sede e foi até a sala de treinamento para pegar seus materiais. O prédio estava silencioso naquele horário — luzes no modo automático, ar-condicionado desligado, cadeiras alinhadas como se esperassem o próximo grupo de alunos.
Quando ela entrou na sala, encontrou Rafael sentado em uma das cadeiras da fileira do meio, de cabeça baixa, mãos entrelaçadas, cotovelos apoiados nos joelhos.
Ele estava ali.
Mas parecia outra pessoa.
Cansado.
Destruído por dentro.
Olheiras profund