O dia amanheceu com cheiro de papel impresso e boatos.
A confissão de Lívia tinha se espalhado pela empresa como perfume — suave, mas impossível de ignorar.
Ninguém sabia ao certo o que ela havia dito, mas todos sabiam como ela disse: de cabeça erguida.
E isso bastava.
Nos corredores, sussurros.
— Ela assumiu tudo?
— Dizem que defendeu ele.
— E ele?
— Silêncio total.
Havia quem a admirasse, havia quem a julgasse.
Mas, acima de tudo, havia algo novo pairando no ar: respeito.
Porque coragem é uma vibração que contagia, mesmo os céticos.
Lívia chegou à sede pouco antes das nove.
O blazer cinza-claro não era por acaso: queria parecer neutra, inatingível.
Mas quando atravessou o hall, sentiu os olhares — alguns curiosos, outros solidários.
Uma colega de RH se aproximou, tocou de leve seu braço e sussurrou:
— Você foi incrível.
Lívia sorriu, com gratidão silenciosa.
Não queria heroísmo. Só verdade.
No elevador, o espelho devolveu um reflexo diferente: o rosto cansado, sim, mas com uma seren