A manhã começou fria, mas o calor vinha de dentro.
 O prédio da VittaFran parecia respirar mais rápido.
 Os corredores estavam silenciosos demais — o tipo de silêncio que antecede as reuniões em que o futuro de alguém muda de endereço.
Rafael chegou cedo.
 Terno impecável, olhar fixo.
 Por dentro, o coração pulsava no ritmo das notificações que insistiam em aparecer:
Reunião Extraordinária – Conselho Executivo – 10h00. Assunto Confidencial.
Na mesa dele, um bilhete dobrado:
 “Café às 7h50, conforme combinado.
Respiração continua valendo.
 – L.”
Ele sorriu, pequeno.
 Mesmo ferida, Lívia ainda cuidava.
 Era isso que o destruía: o amor dela resistia até quando doía.
Às 9h55, a sala de vidro estava montada.
 Cinco diretores, Camila, e o relógio digital marcando o tempo como um juiz impassível.
 Lívia assistia da área externa, convidada apenas como apoio técnico.
 Mas nada na expressão dela era técnico.
 Havia algo de humano demais, de coração tentando não se despedaçar antes da hora.
Cami