Havia algo diferente no ar.
 Nem os sons pareciam os mesmos.
 Os passos ecoavam demais, os telefones tocavam menos, e até o cheiro de café tinha perdido o calor.
Era como se a VittaFran tivesse sido envolta por uma película invisível — um silêncio espesso, quase palpável.
 Ninguém comentava em voz alta, mas todos sabiam.
 Sabiam que o CEO estava sob investigação, sabiam que o nome “Lívia Andrade” aparecia nas entrelinhas, sabiam que Camila sorria mais do que o normal.
Os olhares que antes a cumprimentavam agora desviavam.
 Não era hostilidade, era curiosidade com verniz de empatia.
 E isso doía mais.
Lívia manteve o foco como podia.
 Chegava cedo, saía tarde.
 O cabelo sempre preso, a voz sempre firme — a mesma força que usava pra não desabar no banheiro entre uma reunião e outra.
Mas o corpo dela denunciava o cansaço: ombros tensos, respiração curta, olhar que se perdia entre um slide e outro.
 O amor tinha virado algo que ela precisava esconder, mesmo de si mesma.
Rafael, por outro