Mundo ficciónIniciar sesiónNa manhã seguinte, a sala de treinamento parecia outra.
Ela entrou com passos firmes, a saia lápis ajustando-se ao corpo como uma segunda pele. O blazer claro contrastava com a pele morena e o cabelo cacheado caía em ondas bem definidas, que denunciavam o cuidado que ela fingia não ter tido.
Ele já estava ali, sentado na segunda fileira, blazer pendurado na cadeira e mangas da camisa arregaçadas.
— Bom dia, instrutora. — A voz dele soou como um elogio disfarçado.
— Bom dia, franqueado — respondeu ela, seca.
Lívia tentou ignorar, mergulhando no conteúdo do dia: comunicação persuasiva e leitura corporal.
— O corpo fala — ela começou, olhando o grupo. — Mesmo quando a boca mente.
Rafael cruzou as pernas e recostou-se na cadeira.
Ela sustentou o olhar.
— E o que o meu corpo diz pra você agora? — perguntou, com um meio sorriso.
A sala ficou em silêncio.
— Talvez. — Ele inclinou o corpo pra frente. — Ou talvez eu só esteja interessado em ver até onde você aguenta sem perder o controle.
Ela sentiu o calor subir pelas bochechas, mas manteve o tom profissional.
Ele sorriu.
Ao longo do dia, a troca de olhares se tornou quase uma linguagem paralela.
No final da tarde, ela pediu para que os franqueados se dividissem em duplas para simular uma negociação.
— Vamos praticar juntos — disse ele, com naturalidade.
— E eu sou o franqueado — retrucou, sem tirar os olhos dela. — Parece justo.
A simulação começou.
— Você quer me convencer a investir mais na franquia — ele disse. — O que você me oferece em troca?
Ela tentou manter o tom neutro.
— E confiança? — Ele deu um passo à frente. — Porque sem confiança, não há investimento.
A voz dele soou mais baixa agora, e o olhar era tão firme que parecia tocar.
— A confiança se conquista — disse, por fim, a voz um pouco rouca.
— Então me ensina como — respondeu ele, num sussurro que ninguém mais ouviu.
O silêncio entre os dois durou segundos demais.
Mas Rafael apenas sorriu.
E naquela noite, ao deitar, Lívia percebeu algo incômodo:







