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Capítulo 3 - Fora da Sala, Dentro do Olhar

O treinamento corporativo da franquia durava cinco dias.

Cinco dias inteiros de imersão, em um hotel empresarial afastado do centro , o tipo de lugar planejado para evitar distrações.

Mas o que distraía Lívia estava bem ali, sentado na segunda fileira, todos os dias, desde a segunda-feira.

Naquela quinta, o ar na sala parecia mais denso.

Lívia tentava se manter neutra, mas cada vez que Rafael fazia uma pergunta ou deixava escapar aquele meio sorriso, ela sentia o autocontrole escorregar pelas frestas da razão.

— Amanhã é o último dia, pessoal — ela anunciou, enquanto os participantes recolhiam os materiais. — Hoje à noite teremos o jantar de encerramento, como de costume. Sejam pontuais.

Ela não olhou na direção dele.

Mas sentiu.

O olhar dele.

Como se o nome dela tivesse sido pronunciado sem som.

Quando todos saíram, Rafael se aproximou da mesa.

— Então é verdade? Vai ter jantar?

— Sim. Um jantar corporativo — respondeu, seca, enquanto organizava as pastas.

— E você vai estar lá como… instrutora ou mulher? — perguntou, apoiando uma das mãos na mesa, inclinando-se um pouco.

Ela travou.

A pergunta caiu como uma faísca em um terreno que já ardia.

— Como instrutora, claro. — A voz saiu firme, mas o olhar vacilou por um segundo.

Ele riu baixo.

— Espero que não. Porque a mulher é bem mais interessante que a instrutora.

Antes que ela pudesse responder, ele se afastou, deixando o perfume dele pairar no ar , quente, amadeirado, quase insolente.

O salão do hotel estava iluminado por luzes amareladas e suaves. As mesas redondas, decoradas com flores brancas, refletiam elegância.

Lívia chegou pontualmente às oito, com um vestido verde-escuro que marcava a cintura e deixava os ombros à mostra.

Não era ousado.

Mas em Rafael, acendeu algo primitivo.

Ele a observou desde o momento em que ela entrou.

Não era a mesma mulher do blazer e da postura rígida.

Era outra  com brilho nos olhos e uma vulnerabilidade que ela tentava esconder por trás do copo de vinho.

— Bonito o vestido — disse ele, aproximando-se devagar, respeitoso, mas firme.

— Obrigada — respondeu, sem olhá-lo diretamente.

— Combina com você. Elegante, mas perigoso.

Ela soltou um riso curto.

— Perigoso?

— É. Do tipo que o homem só percebe que tá perdido quando já é tarde demais.

Por alguns segundos, o tempo pareceu parar.

A música ambiente ficou distante.

Ela levantou o olhar e encontrou o dele — denso, calmo, intenso.

— Rafael, estamos em um evento profissional — murmurou.

— E o que isso muda no que a gente sente? — perguntou, baixo, quase sem mover os lábios.

Ela desviou, respirando fundo.

— Tudo.

Mas ele não insistiu.

Apenas sorriu, um sorriso que prometia paciência — e perigo.

Mais tarde, quando o jantar terminou, a chuva começou.

Lívia esperou o táxi na entrada do hotel, sozinha, olhando as gotas descerem pelo vidro.

Rafael apareceu ao lado dela, o paletó pendurado no ombro.

— Quer uma carona? — perguntou, oferecendo o olhar mais desarmante do mundo.

Ela hesitou.

O bom senso gritou “não”.

Mas o corpo, cansado de ser tão lógico, apenas respondeu com silêncio.

E foi nesse silêncio que ela entrou no carro dele.

Com o som da chuva servindo de trilha sonora para o primeiro momento fora do treinamento…

e o início de algo que nenhum dos dois conseguiria mais disfarçar.

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