Os dias seguintes correram com a naturalidade tensa de quem tenta fingir que não existe um campo magnético entre duas pessoas.
 Desde que começaram a trabalhar juntos na reformulação dos treinamentos, Lívia e Rafael passavam horas lado a lado.
O ambiente da empresa parecia menor quando ele estava por perto.
 E cada vez que ele se inclinava para mostrar algo no notebook, ela precisava lembrar o próprio corpo de respirar.
Rafael, por outro lado, parecia se divertir com o autocontrole dela.
 — Você sempre fica tão séria assim quando eu chego perto? — provocou, certo dia, durante uma tarde de revisão de conteúdo.
— Eu fico concentrada — respondeu, sem levantar os olhos.
— Hm. — Ele riu, baixinho. — Então quer dizer que eu te desconcentro.
Ela suspirou. — Rafael, por favor...
— Tá bom, tá bom. — Ele levantou as mãos, rendido, mas com um sorriso travesso. — Só tentando entender os efeitos colaterais da minha presença.
Lívia tentou não sorrir, mas falhou.
 E ele percebeu.
Era assim o tempo t