A mesa de manuscritos da Constela estava mais cheia do que nunca.
Desde o sucesso de O Peso das Palavras Não Ditas, a editora virou um farol para autoras e autores que queriam contar suas verdades — especialmente aquelas que, por muito tempo, foram ignoradas ou apagadas.
Aurora lia o quanto conseguia, sempre com o mesmo ritual: chá morno, lápis na mão, anotações à margem. Ela acreditava que algumas histórias vinham até ela por um motivo. Como se escolhessem a Constela.
E naquela sexta-feira cinzenta, quando o e-mail com o assunto “Confidencial – Sombras e Salmos” chegou, ela sentiu que era um desses casos.
O manuscrito tinha 314 páginas. Nenhum nome completo, apenas as iniciais da autora: M.R.S.
Na sinopse, um aviso:
*“Este livro fala de fé.
Mas também fala do momento em que a fé falha.
Se você tem medo de escutar o silêncio de Deus, talvez esse livro não seja pra você.”*
Aurora prendeu a respiração.
Abriu o arquivo.
E leu.
O livro era uma narrativa semi-biográfica sobre uma jovem cri