Aurora passou boa parte da noite rolando na cama, presa entre pensamentos que não se calavam. As palavras da mãe ecoavam, misturadas às imagens do retrato que Davi desenhou dela.
Como era possível se sentir tão cheia e tão vazia ao mesmo tempo?
Quando finalmente adormeceu, sonhou com um céu estrelado. Ela flutuava, leve, mas com medo de cair a qualquer momento. Acordou com o celular vibrando.
Davi:
"Acho que hoje não vou conseguir ir pra aula. Tá tudo meio confuso por aqui."
Ela respondeu de imediato.
Aurora:
"Quer conversar?"
Davi:
"Quero... mas não por mensagem. Pode vir aqui depois da aula?"
Ela hesitou. Mas digitou:
Aurora:
"Claro."
A manhã na escola foi um borrão. Professores, matérias, colegas — tudo parecia plano, sem cor. Helena não apareceu, o que foi um alívio e, ao mesmo tempo, uma preocupação incômoda.
Aurora se perguntou se teria ido longe demais no confronto. Mas antes que pudesse mergulhar na culpa, lembrou-se: ela apenas se defendeu. E isso, por mais difícil que fosse,