O som do lápis contra o papel era suave, quase terapêutico. Eu estava sentada no sofá com Yves adormecido ao meu lado, o paninho azul embolado perto da mãozinha gorda. Ele respirava pesado — o tipo de sono profundo que só vem depois de muito brincar e mamar. Eu havia prometido que ia dormir cedo também, mas o caderno no colo insistia em me manter acordada.
Sem pensar muito, comecei a desenhar de novo. Traços leves. Uma curva aqui, uma linha ali. Quando percebi, já estava na terceira página, tentando capturar o jeito como Lorenzo segurava a xícara de café. O jeito como seu cabelo caía em mechas sobre a testa. A concentração no olhar. As mãos. Sempre as mãos.
Suspirei.
Era como se ele morasse nas entrelinhas dos meus pensamentos agora.
Desviei o olhar do desenho, culpada e divertida ao mesmo tempo. A verdade é que ele não havia feito nada além de ser gentil, presente e silenciosamente constante. Mas havia algo nele que me atravessava. Como se sua presença tocasse algo que eu nem sabi