A semana passou mais rápido do que eu podia contar. As horas no escritório tinham um ritmo próprio, uma mistura de repetição e pequenas urgências que exigiam atenção constante. Aquela rotina de e-mails, telefonemas e planilhas era exaustiva, mas havia algo reconfortante em saber exatamente o que se esperava de mim — diferente do caos de servir lanches ou da imprevisibilidade dos turnos noturnos.
Na sala que eu dividia, um dos colegas começava a se destacar aos poucos. Rafael.
Ele não falava muito nos primeiros dias, mas sorria com gentileza toda vez que meus olhos cruzavam os dele. Tinha cabelo escuro, bagunçado de propósito, e uma barba rala que mal escondia a juventude. Seu jeito tranquilo contrastava com a pressa das pessoas ao redor. Na tarde de quinta-feira, foi ele quem puxou conversa, enquanto aguardávamos a impressora que insistia em travar.
— Essas máquinas parecem conspirar contra a gente. — disse ele, chutando de leve a lateral do equipamento.
— Acho que elas sentem quando