O beijo ainda pairava entre eles como fumaça densa — impossível de ignorar, mas também impossível de agarrar. Emma acordou naquela manhã com a sensação de que algo essencial havia se deslocado entre eles. O apartamento estava em silêncio, mas diferente do silêncio habitual: havia uma certa expectativa suspensa no ar, como se as paredes aguardassem que alguém dissesse a primeira palavra.
Lucas estava na cozinha, servindo café para si mesmo, quando ela apareceu usando um robe claro e os cabelos presos de forma improvisada. Seus olhos se encontraram rapidamente, e foi como se um pequeno abalo sísmico os sacudisse por dentro.
— Bom dia — ela disse, firme, mas com a voz um pouco mais suave do que pretendia.
— Bom dia — ele respondeu, oferecendo uma caneca de café como trégua.
Sentaram-se à mesa. O som das colheres mexendo o açúcar foi mais alto do que deveria. Emma notava como Lucas parecia... presente. Mais do que de costume. Seus olhos não fugiam para o celular, sua postura não era de fu