Um Passado Fragmentado
ISABELA
Depois que aquele homem, Rafael, saiu do quarto, a sensação de alívio foi quase palpável, mas logo substituída por uma estranha inquietação. A escuridão me abraçou, um sono pesado e sem sonhos que durou horas.
Ao acordar, a primeira coisa que vi foi o rosto enrugado e familiar da minha tia Benedita inclinado sobre mim. Uma onda de reconhecimento, uma pequena ilha em um oceano de esquecimento, me inundou e me acalmou. Pelo menos ela. Seus olhos, normalmente tão cheios de luz, agora brilhavam com uma mistura de apreensão e uma esperança quase desesperada.
— Filha? — ela sussurrou, a voz embargada, e eu pude ver o choque em seus olhos quando ela percebeu que minhas lembranças sobre ela haviam se mantido. Por que me lembrava dela, mas não do homem que saiu do meu quarto, e que, segundo a enfermeira, era meu namorado? Era uma contradição que me atormentava.
— Isa, você tem certeza de que não reconhece Rafael, ou talvez você se lembre da filha pequena dele, Em