A Perda
RAFAEL
Em frente à cama de hospital de Isa, o zumbido constante dos aparelhos parecia amplificar o vazio dentro de mim. Me perdi em meus pensamentos, enquanto a enfermeira aplicava o calmante. Cada movimento dela era lento, quase em câmera lenta, um contraste doloroso com a urgência que me consumia. O rosto de Isa, antes tão vívido e cheio de vida, agora pálido e distante, trazia uma dor que eu mal podia suportar. Não era apenas a dor do seu ferimento, mas a dor da perda, da amnésia que a roubou de mim.
Não esperei. Não consegui. Saí do quarto, cada passo soando o vazio que sentia, o eco metálico dos meus sapatos no piso frio do corredor me lembrando da minha impotência. Meus punhos estavam cerrados, as unhas cravando na palma das minhas mãos, uma dor física que tentava abafar a dor da alma.
Lembrei-me, com uma clareza brutal, do acidente que Isa sofreu. Aquela noite chuvosa, a perseguição insana. O medo que me paralisou, a sensação de que o tempo havia parado. Rita morreu na