DUAS SEMANAS DEPOIS...
O Vazio da Memória e a Dor do Desconhecido
ISABELA
Meus olhos se abrem, mas o mundo é um borrão sem forma, cores e luzes indistintas que se misturam em um turbilhão confuso. Não consigo distinguir onde estou. O branco ofuscante do teto, as paredes sem cor, o cheiro de antisséptico invadindo minhas narinas. O único som constante que meus ouvidos registram é um bip rítmico e incessante, vindo de algum lugar à minha direita, como um coração mecânico batendo ao meu lado.
Um rosto de um homem com cabelos castanhos entra em meu campo de visão, suas feições estão congeladas pela preocupação. Seus olhos são de um tom lindo, quase desesperados, e há olheiras profundas sob eles, como se não dormisse há dias.
— Deus, já era hora de você acordar, já se passaram duas semanas — ele diz, a voz embargada de alívio e cansaço, mas com uma intensidade que me incomoda.
Duas semanas. Minha mente tenta processar a informação, mas as palavras parecem flutuar sem sentido, sem âncor