A Entrega
RAFAEL
A noite se aprofundava, e a casa estava imersa em uma antecipação silenciosa, quase vibrante. Cada detalhe, desde as luzes estrategicamente baixas que criavam um ambiente acolhedor até a música de jazz que mal sussurrava no fundo, parecia gritar a expectativa. Eu estava ali, esperando, como um agricultor que aguarda a primeira flor de uma semente plantada com carinho. E em cada fibra do meu ser, eu torcia: que ela entrasse por aquela porta. Que ela ficasse ali, comigo, aquela noite.
Quando a campainha tocou, um arrepio sutil percorreu minha pele. Respirei fundo, sentindo o frio metálico da maçaneta antes de abri-la.
E ali estava ela.
Um vestido de algodão que parecia dançar com a brisa do entardecer, revelando a pele que parecia brilhar com uma luz própria sob a iluminação suave da varanda. Os cabelos, soltos, emolduravam um rosto que eu já conhecia, mas que naquela noite irradiava uma nova promessa. Os olhos dela, ah, aqueles olhos! Falavam mais do que qualquer palavr