Eva e Luke compartilham uma amizade inquebrável, mas uma noite de revelações transforma sua dinâmica para sempre. Entre risos compartilhados e segredos guardados, um desejo há muito reprimido se acende, desafiando tudo o que eles pensavam saber um sobre o outro. Enquanto mergulham em um romance ardente e proibido, enfrentam o dilema angustiante de arriscar sua amizade pela chance de um amor verdadeiro. Com o coração acelerado e os sentidos à flor da pele, Eva e Luke embarcam em uma jornada emocionante de descoberta, onde cada momento os aproxima mais ou os afasta irrevogavelmente. Prepare-se para uma montanha-russa de emoções, onde a amizade se transforma em paixão e cada página promete uma explosão de romance e desejo.
Leer más— Frutas vermelhas para você e de chocolate para mim.
— Por que você sempre pede de chocolate? — perguntei, risonho.
— Pelo mesmo motivo que você sempre pede de frutas vermelhas. — Ela sorriu e me entregou a casquinha com duas bolas de sorvete, sentando-se ao meu lado no banco da praça. — Não acredito que esse é o nosso último verão antes de eu ir para a faculdade.
— Você vai curtir a faculdade. Será a melhor época da sua vida, acredite em mim.
— Ah... eu não sei. E se eu não gostar de estar longe de casa? Longe de você, principalmente?
— Você vai gostar de ir para Boston. Fará novos amigos e, no próximo verão, estará de volta. E não vamos nos esquecer dos feriados, como: Ação de Graças, Natal, Ano-Novo e Páscoa.
— Vai atender sempre que eu te ligar?
Olhei-a e vi um pouco de receio, ou seria medo no seu olhar?
— Isso não vai mudar, Eva. Eu e você nunca iremos mudar.
Um sorriso se abriu. Os seus olhos, que mais se pareciam com duas pedras límpidas de esmeraldas, iluminaram-se com a luz do pôr do sol, que deixava os seus cabelos loiros em um tom dourado.
***
Conheci Eva quando ela tinha apenas oito anos, e eu dezoito. No verão que antecedia a minha ida à faculdade, após a minha formatura no colegial, o meu pai havia me obrigado a trabalhar na sua empresa os três meses inteiros de calor intenso. Segundo ele, era para que eu visse de onde vinha o dinheiro que pagaria os meus estudos, quando pensasse em viver apenas de curtição em Nova Iorque. E ele estava certo, isso funcionou. Levei os meus estudos bastante a sério e me formei com honras, mas não deixei de aproveitar as aventuras de uma vida universitária.
Era mais um final de um dia cansativo, passava das sete da noite e eu ainda estava conferindo uma montanha de contratos para me certificar de que todos haviam sido assinados pelo meu pai. Recostei-me na cadeira e estendi os meus braços para cima, tentando esticar um pouco as costas que doía.
Respirando fundo, senti um enorme cansaço. Afrouxei o nó da gravata que me enforcava, e em seguida ouvi o meu estômago roncar de fome. Percebi ser hora de parar um pouco e procurar algo rápido para comer. Tinha que voltar ao trabalho antes que o meu pai aparecesse berrando e chamando-me de preguiçoso, esfregando na minha cara a boa vida que sempre tive.
Levantei-me e saí da baia apertada, atravessando o corredor escuro e silencioso até os elevadores. Pressionei o botão e saquei o meu celular do bolso na intenção de verificar as mensagens das últimas horas, quando escutei uma canção ser cantada por uma voz doce e infantil. Aquilo chamou a minha atenção.
Segui a música até a sala de espera, encontrando uma garotinha que ainda vestia o uniforme da escola. Ela estava sentada no chão sobre os calcanhares e com os livros abertos sobre a mesa de centro. Provavelmente fazia a sua lição de casa.
— Oi — chamei a sua atenção. Ela se calou e olhou-me com um olhar assustado. — O que faz aqui a esta hora, mocinha? Quem são seus pais?
— Não falo com estranhos — disse ríspida.
Ri e me aproximei.
— Mas você já está falando — zombei, e ela encarou-me séria. Já era tarde, há muito havia passado da hora do jantar. Com certeza, ela devia estar faminta. Pobre menina... — Você deve estar com fome. Estou indo comer um cachorro-quente, você quer vir comigo? Tenho que voltar em vinte minutos, trago você de volta.
— Não vou sair com você. Não nos conhecemos.
É claro que ela não iria a lugar algum comigo. Eu era um estranho. Ela não sabia das minhas boas intenções. Estava certa. Não se deve confiar em estranhos, principalmente em um homem estranho.
— Você está certa. É uma menina inteligente. Então, eu vou fazer o seguinte: vou lá fora, compro os nossos lanches e volto para comer aqui com você. Pode ser? — Ela foi reticente por alguns segundos, mas acho que a sua fome falou mais alto, então, assentiu. — Okay. Volto rapidinho.
Tomei o elevador para o último andar e corri pela calçada ao deixar o prédio, em direção ao carrinho de cachorro-quente parado na esquina.
— Dois, por favor — pedi entregando-lhe quatro dólares.
— É para já, meu jovem.
O senhor, que atendia o seu público, entregou-me os lanches. Voltei andando apressado para o prédio comercial espelhado. Ao sair do elevador, encontrei a menina sentada no mesmo lugar.
— Voltei. — Entreguei o seu cachorro-quente e sentei-me à sua frente, do outro lado da mesa.
— Obrigada. — Lambeu os lábios e deu uma mordida sedenta no pão, sujando a pontinha do seu nariz com mostarda.
— O que a sua mãe diria de você aceitar comida de um estranho?
Ela parou de mastigar e encarou-me com olhos arregalados, cuspindo na mão o pedaço da comida que tinha na boca.
— Estou brincando. É brincadeira! — ri. — Não tem nada no seu cachorro-quente, além dos molhos, é claro. Eu juro! — prometi, encarando-a nos olhos para que ela soubesse que dizia a verdade.
— Eva? — Olhei para o lado e vi Arthur Wangoria entrar na sala, segurando a sua pasta e o paletó na mão esquerda. — Ah... Luke. Como vai? Ainda aqui, rapaz?
— Sim. Ainda tenho uma pilha de contratos esperando por mim.
— Vejo que conheceu a minha filha.
— É uma menina educada e canta muito bem. — Olhei-a e sorri para ela, que retribuiu o elogio com um pequeno sorriso.
— Puxou o talento da avó — riu sem humor, claramente esforçando-se para ser simpático, algo que ele não era. — Temos que ir, querida. A sua mãe já ligou dezenas de vezes. Estamos super atrasados para o jantar.
— Tudo bem — respondeu levantando-se e estendeu-me o lanche.
— Não. É seu. Pode comer no caminho para casa.
Ela olhou para o pai em busca de aprovação.
— É melhor não. A sua mãe não irá gostar de saber que comeu bobagens na rua.
Constrangida, ela estendeu-me o cachorro-quente novamente e, desta vez, eu o peguei.
— Obrigada.
— Não tem que agradecer, Eva. Outro dia comemos outro lanche. — Sorri com simpatia.
— Está bem.
Ela recolheu rapidamente os seus livros e canetas, seguindo o pai até o elevador. Tive pena daquela garotinha. Todos sabiam o quanto era conturbado o casamento dos seus pais e que Arthur tinha casos com todas as suas secretárias que por ali passavam.
“Como deve ser sua vida em casa? Ela é só uma criança. Lembro-me do quanto foi triste ver os meus pais brigarem uma única vez na vida. Imagina este cenário todos os dias?”
LukeSete semanas depois, Eva e eu estávamos morando juntos. Eu não acreditava que a vida a dois poderia ser perfeita, mas estava enganado. Tínhamos os nossos pequenos desentendimentos por causa de bobagens, como: toalha molhada sobre a cama, tampa do vaso aberta, caneca suja sobre a mesa, entre outras coisas tolas. Mas, segundos depois, já estávamos nos braços um do outro, onde era o nosso lugar.Eva me ajudava com a parte financeira da Click Design & Publicidade. Ela era meu braço direito nos negócios e virava noites de fim semana trabalhando ao meu lado. Pouco a pouco, com o passar do tempo, estávamos conquistando o mercado e chegando ao topo.Deixei o nosso escritório no apartamento e caminhei para a sala. Eva estava terminando de montar a árvore de Natal. Aquele seria nosso segundo Natal no nosso lar e, pela primeira vez, receberíamos os familiares.Eu estava ansioso. Amber deixaria Anthony conosco durante todo o feriado até o réveillon, quando retornaria de Las Vegas com o namora
Luke Dois meses depois...De mãos dadas com Eva, deixamos o tribunal. Enfim, o julgamento contra Tiff havia terminado. O pai tentou livrar a cara do filho a todo custo, mas a justiça do homem foi feita. Ele pagaria por todos os crimes sexuais e de agressão que ficaram comprovados. Cinquenta e três anos de cadeia seria seu futuro. Cada um faz as suas escolhas.Jéssica cumpriu com aquilo que prometeu. Ela sorriu feliz e aliviada ao sair do tribunal. Não foi fácil descobrir sobre o que a filha havia passado. Era difícil para todos nós, menos para Arthur, que fez questão de não aparecer em nenhum dos julgamentos. Nem sequer ligou para a filha para saber como ela estava passando com tudo aquilo. Cretino! Mas o que era dele, a vida se encarregaria de lhe dar. E já estava lhe dando, começando pela multa que ele passaria o resto da vida pagando, pelo crime de venda de informações privadas. Sorte a sua não ter ido fazer companhia para Tiff em uma cela.Alguns dias depois, após visitar o meu p
Eva Acordei e senti o lado esquerdo da cama vazio. Abri os olhos e estava só no quarto. Levantei-me, vesti uma camisa sua e desci. Na cozinha, encontrei Luke escorado ao balcão, tomando café em uma xícara.— Bom dia. — Abracei-o e fui correspondida.Respirei fundo o seu cheiro de pós-banho e beijei o seu peitoral nu. Luke acariciou as minhas costas e beijou o topo da minha cabeça.— Senti saudade disso.— Eu também senti — ele respondeu.Respirou fundo com pesar e me apertou ainda mais nos seus braços. Percebi haver algo errado. Olhei-o.— O que tem de errado, Luke?— Não podemos, Eva. — Os seus olhos se encheram de lágrimas.O meu coração se partiu. Afastei-me um pouco e o encarei confusa.— Como assim? Claro que podemos, Luke! É o Will? Ele foi embora. Percebemos que não temos nada a ver um com o outro. Você é o meu par, Luke. Sempre foi! — disse desesperada.— Eva... Estou doente. Essa doença maldita está dentro de mim! A qualquer momento posso começar a me esquecer de tudo, esque
Eva Os dias decorreram e uma semana se foi. Pensei em mil coisas e em mil maneiras de procurar por Luke. Eu e a minha mãe voltamos para a nossa cidade. Passaríamos juntas o réveillon, mas com a companhia do Kurt, é claro. Ele era um cara incrível. Fazia a minha mãe rir o tempo todo e isso me deixava muito feliz.Era o último dia do ano. Faltavam exatamente uma hora para aquele ano acabar. Eu estava sentindo um misto maluco de ansiedade e angústia. Andava de um lado para o outro. Não conseguia me manter sentada. O meu corpo parecia estar vibrando em eletricidade.Em um rompante de um segundo, deixei a sala sem chamar a atenção dos dois, que riam baixinho de pé em frente à lareira. No hall, peguei a chave do meu carro, celular, o casaco e caminhei em direção à porta.— Aonde vai? — perguntou a minha mãe, vindo atrás de mim.— Desculpe, mãe. Mas eu preciso ir. — Beijei o seu rosto. — Feliz Ano-Novo.Saí rapidamente, sem lhe dar mais tempo para me questionar. Entrei no meu carro, liguei
EvaMais tarde, já na minha cama, uma batida soou do outro lado da porta. Ao abri-la, lá estava Will do outro lado. Sem esperar que eu dissesse nada, ele entrou e me surpreendeu com um beijo profundo que tinha gosto de desespero. Os seus braços me apertavam contra o seu corpo, como se a qualquer instante eu fosse desaparecer.Já estava quase sem fôlego quando ele se afastou soltando os meus lábios. Senti-me atordoada. Respirei fundo e o olhei espantada.— O que foi isso? — perguntei sem ar.Ele analisou-me meticulosamente, sem pressa. O seu olhar entristeceu.— Você não sente — constatou, aos sussurros.— Não sinto o quê? Do que está falando, Will?— Não sente por mim o que sente por ele.Desviei os meus olhos dos seus.— Will...— Eva, olhe para mim — pediu, interrompendo-me.Tomei coragem e o encarei.— Nunca vai me amar como o ama, eu sei. Posso sentir. E quer saber? Está tudo bem. — Acariciou o meu rosto.— Desculpe. — Os meus olhos se encheram de lágrimas.— Não tem que se descul
EvaÀ noite, depois do jantar, seguimos para a igreja. Após o culto, saímos e voltamos para casa. A minha avó estava ansiosa para nos servir dos biscoitos que passou a tarde fazendo. Ao descer do carro, com o Will no meu encalço e agarrado a minha cintura, encontrei Luke de pé na varanda da frente.— Luke... O que faz aqui? — perguntei ao me aproximar.A minha reação momentânea foi olhar para o Will. Ele não estava nem um pouco feliz vendo o meu ex-namorado ali.— Desculpe. Eu precisava vir até aqui. Preciso conversar com alguém. Preciso conversar com você, Eva.A minha avó e a minha mãe passaram por nós e entraram em casa após desejar um Feliz Natal para Luke. Will estava tenso e nos olhava de modo indecifrável. Ele se inclinou e sussurrou no meu ouvido:— Vou esperar você lá dentro.Assenti.Selou os meus lábios de modo possessivo, como se estivesse marcando o seu território, e depois beijou a minha testa. Luke virou o rosto para não olhar a cena. Will passou por ele e o encarou seg
Último capítulo