As lembranças vinham como ondas — ora suaves, ora violentas. Jonas não sabia se era o cansaço, o ambiente carregado ou o próprio baú diante dele que puxava as memórias adormecidas. Mas não podia mais negar: havia algo que sempre esteve ali, nas margens da sua história, esperando ser lembrado.
Uma tarde chuvosa na casa da tia-avó, em Pernambuco.
Ele devia ter uns sete anos. Estava sentado no chão de terra batida, brincando com pedrinhas, quando ouviu a voz rouca da velha Justina:
— “Se tu acordar e não conseguir mexer nem os olhos, reza, menino. Pode ser o Pesador. Ele senta no peito da gente pra ouvir os segredos que a alma não conta nem viva.”
Ela dizia isso enquanto cortava folhas secas com uma faca curva, muito parecida com a que Jonas encontraria anos depois na caverna. Ele riu, na época. Mas naquela noite, dormindo no quarto dos fundos, teve a sensação de estar sendo observado por trás do espelho.
Outra vez, no colégio.
O professor de história — o mesmo que ele agora reconhecia c