Tudo começou com a neblina. Espessa, silenciosa, tomou o prédio sem aviso, abafando os sons da cidade e apagando qualquer noção de tempo. Trancados entre paredes que antes pareciam familiares, os moradores começam a perceber pequenas distorções na realidade — ruídos que não têm origem, reflexos que não acompanham os movimentos, presenças que se sentem mesmo em cômodos vazios. Com o passar dos dias, a fronteira entre o real e o imaginário começa a ruir. Alguns afirmam ter visto zumbis vagando pelos corredores. Outros, criaturas de olhos negros e pele translúcida, observando da escuridão. O medo coletivo cresce, mas é o silêncio dos que acreditam estar despertando para uma verdade oculta que mais assusta. Altares surgem onde antes havia concreto. Portais se abrem, convidando. Será a loucura uma fuga ou a única resposta sensata? E se o prédio em si for mais do que estrutura — um limiar entre mundos, uma armadilha para as mentes mais frágeis? No fim, talvez o verdadeiro terror não esteja lá fora... mas dentro de cada um deles.
Ler maisJonas apaga rapidamente a vela sobre a mesa, pega o livro e desliza para trás de uma estante alta de madeira carcomida. O som dos passos fica mais claro, como se ecoasse direto pelo piso de vidro sob seus pés.Ele prende a respiração e mantém os olhos no texto, mesmo que o coração bata como um tambor. A chama da sua lanterna enfraquece, mas ainda ilumina o suficiente para que ele continue a leitura.As próximas páginas descrevem algo ainda mais perturbador:“O Palácio é o espelho do mundo. Cada sala guarda um fragmento do que foi e do que será. Aquele que caminha entre seus corredores revive não apenas memórias próprias, mas também as memórias do Pesador.”Mais adiante, quase ilegível pelo desgaste da tinta, lê-se:“Os descendentes carregam a chave do Julgamento. O sangue derramado em um cálice desperta o caminho final. Mas cuidado: a escolha não é apenas dele… o Palácio também escolhe.”De repente, os passos param. Jonas ouve um leve roçar de unhas no vidro, como se alguém ou algo es
Jonas abre o livro “Crônicas da Casa de Vidro”.A capa range como se estivesse viva, e um cheiro de papel úmido e poeira antiga invade o ar. As páginas, amareladas, registram em detalhes a fundação do palácio: um casal nobre que construiu a mansão de cristal como símbolo de pureza e eternidade.Ele vira as folhas com cuidado até encontrar um trecho marcado por uma mancha escura. As palavras ali parecem pulsar:“A criança nasceu sob presságios ruins. Os vidros trincaram na noite do parto. Ainda assim, os senhores decidiram criá-lo entre nós, protegendo-o como herdeiro legítimo. Alguns de nós temíamos sua presença, outros… almejavam sua queda.”Mais adiante, há relatos de tensões entre os criados e os donos do palácio. Alguns servos começaram a questionar o poder da família, murmurando que o sangue daquela criança trazia má sorte.Jonas sente um arrepio. A história do Pesador estava registrada ali desde o início — não como uma tragédia súbita, mas como uma conspiração que foi crescendo,
Jonas parou dentro da sala circular do Palácio de Vidro, logo depois de fugir do perseguidor.Ali, diante do pedestal de mármore, ele encontrou o diário de capa preta com o brasão da família real.Ao folhear, descobriu os registros sobre a morte dos pais do Pesador e uma lista dos criados envolvidos — e o último nome da lista trazia o sobrenome dele, revelando sua ligação direta com a tragédia.Ou seja, ele está diante da revelação de que sua família faz parte da história do Pesador, e esse é o ponto exato em que a narrativa parou.Jonas sente as pernas vacilarem, como se o chão de vidro sob seus pés fosse ceder a qualquer momento.O diário pesa em suas mãos mais do que o mármore do pedestal.O nome escrito ali brilha em sua mente como uma marca em brasa.— Não… isso não pode ser — ele murmura, a voz embargada.A lembrança de sua infância invade como um golpe: aquela ruína abandonada onde entrou ainda menino, o frio inexplicável, o sussurro nas paredes. Talvez o Pesador já estivesse a
Jonas respira fundo e aproxima-se do quadro de Helena Monteverdi.A moldura, apesar de imponente, parece estar ligeiramente afastada da parede.Ele toca a borda com cuidado e percebe um clique metálico, como se algo destravasse.Com esforço, desliza o quadro para o lado, revelando um compartimento escuro embutido na parede.Lá dentro, uma caixa de madeira com fecho enferrujado repousa sobre uma prateleira coberta de poeira.Ele a puxa para fora e sente seu peso — não é leve.Ao abrir, encontra cartas antigas, amareladas pelo tempo, com selos de cera quebrados.O papel cheira a fumaça e umidade, mas as palavras ainda são legíveis.As primeiras linhas o fazem gelar:"Ao Conselho do Pesador, comunico que a linhagem Monteverdi manteve sua parte do pacto, mas um deles ousou trair. A dívida, portanto, recai sobre todos os descendentes."Embaixo, um maço de documentos descreve rituais, datas e até mesmo registros de execução de pessoas que desafiaram o Pesador.Entre eles, há um nome que Jon
Jonas começa a vasculhar o cômodo à procura de qualquer indício sobre o passado do Pesador.No canto, encontra um baú baixo coberto por um tecido gasto. Ao abrir, o cheiro de mofo o envolve. Lá dentro, há brinquedos antigos de madeira, uma manta de bebê desbotada e um diário infantil, com a capa marcada pelo desenho de um gato dourado — o mesmo da estátua que ele tocou.Folheando com cuidado, ele vê as primeiras páginas cheias de rabiscos e desenhos de um menino sorridente com seus pais, vestindo roupas luxuosas. Conforme avança, as páginas se tornam mais confusas e manchadas, algumas com marcas escuras que lembram sangue seco.Entre as anotações, Jonas encontra nomes de criados, acompanhados de palavras como “mentiroso”, “traidor” e “roubou-me tudo”. As últimas páginas são quase ilegíveis, escritas com traços violentos, repetindo uma única frase:> *"Eles vão pagar… todos vão pagar."*Ao fundo do baú, Jonas encontra um medalhão quebrado com a imagem gravada do bebê — a mesma criança
Jonas, após enfrentar eventos estranhos no prédio, começa a investigar outros apartamentos em busca de pistas sobre rituais e os suspeitos envolvidos. Em meio às descobertas, ele se lembra de situações do passado e passa a imaginar que o ritual que presencia ou encontra possa estar ligado ao Pesador, uma entidade sombria que o persegue em pensamentos.Ele decide realizar um novo ritual para tentar invocar o Pesador, mas falha. Segue investigando e encontra um retrato misterioso, além de visitar outros apartamentos, lembrando-se de que, em algum momento, teria que enfrentar essa entidade. Ao tentar resgatar memórias de sua infância, Jonas acessa um espelho e, mais tarde, retorna para examinar um cálice de vidro próximo à estátua de um gato.Investigando a estátua, retorna ao andar onde encontrara o caderno de Pégaso, planejando fazer um novo ritual ali. Durante o processo, o Pesador quebra o espelho, puxando Jonas para o Palácio de Vidro, localizado do outro lado do portal — o lar orig
Último capítulo