Jonas se sentou novamente, sentindo a pulsação nas têmporas. O nome Pesador parecia ecoar dentro dele como um aviso antigo. E então, como se o tempo rasgasse por um segundo, vieram mais lembranças — pedaços esquecidos, quase apagados.
Uma noite na adolescência.
Ele e dois amigos: Diego e Lorena. Estavam na casa de campo da avó de Lorena, no interior do Ceará, onde passaram um feriado prolongado. A energia havia acabado por causa de uma tempestade, e os três dormiram no mesmo quarto, com velas acesas. Antes de dormir, Lorena contou uma história que ouvira da avó:
— “Tem uma coisa que sobe no peito da gente quando a gente dorme torto. Quando a alma não quer ficar onde o corpo está. Aqui chamam de Pesador. Mas às vezes não é só quando a gente dorme torto. Às vezes é castigo. Às vezes ele escolhe.”
Jonas riu na hora, Diego também, mas Lorena não. Ela contou que a avó dizia ter acordado várias vezes com a respiração presa, como se um corpo invisível estivesse sentado no peito. E uma vez, e