Jonas abre o livro “Crônicas da Casa de Vidro”.
A capa range como se estivesse viva, e um cheiro de papel úmido e poeira antiga invade o ar. As páginas, amareladas, registram em detalhes a fundação do palácio: um casal nobre que construiu a mansão de cristal como símbolo de pureza e eternidade.
Ele vira as folhas com cuidado até encontrar um trecho marcado por uma mancha escura. As palavras ali parecem pulsar:
“A criança nasceu sob presságios ruins. Os vidros trincaram na noite do parto. Ainda assim, os senhores decidiram criá-lo entre nós, protegendo-o como herdeiro legítimo. Alguns de nós temíamos sua presença, outros… almejavam sua queda.”
Mais adiante, há relatos de tensões entre os criados e os donos do palácio. Alguns servos começaram a questionar o poder da família, murmurando que o sangue daquela criança trazia má sorte.
Jonas sente um arrepio. A história do Pesador estava registrada ali desde o início — não como uma tragédia súbita, mas como uma conspiração que foi crescendo,